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Quando foi que você se tornou adulto?

Você é adulto? Como você sabe? Sério, tente pensar desde quando você pôde se dizer um adulto...


Existem várias teorias para dizer quando uma pessoa vira “gente grande”: quando você faz 18 anos; quando você sai da escola e entra na faculdade; quando você sai da faculdade; quando você arranja um emprego fixo; quando você sai da casa dos pais; quando você casa; quando você tem filhos, quando você chega aos 30... mas pra mim, todas essas teorias são furadas!


Você pode fazer 18 anos, mas não pode continuar pensando e agindo como adolescente. Você pode ir pra faculdade, mas não pode ficar mudando de curso... tem que decidir sua vida logo. Você pode sair da faculdade, mas se não começar a trabalhar logo, não valeu de nada. Você pode sair da casa dos seus pais, mas não pode continuar dependendo deles. Você pode se casar, mas tem que se segurar no casamento... casar hoje e se separar amanhã é ridículo. Você pode ter filhos, mas precisa saber educa-los e dar exemplo. E quando chega aos 30, você fica neurótico e entra numa crise porque acha que está ficando velho. Se você não seguir todos esses padrões, regras e caminhos pré-estabelecidos pelo “mundo adulto”, você não é um deles.


Sério, quem quer ser adulto? Quem quer ficar chato e entediante de um dia pro outro, começar a ter responsabilidades, ter que pensar em tudo menos em si mesmo e estar sempre com aquela sensação de que tudo que você era vai lentamente se perdendo pelo tempo? Ninguém quer isso!


Tem uma série que eu gosto que se chama The Big Bang Theory. No episódio 14 da sétima temporada, três amigas que são algumas das personagens principais, a Penny, a Amy e a Bernadette, estão sentadas em um bar (se não me engano) e começam a conversar sobre isso. Olha só a conversa:


Penny: Deixa eu fazer uma pergunta, quando você começaram a se sentir adultas? Porque eu não tenho certeza de que eu me sinto.

Bernadette: Honestamente, eu achei que seria quando me casasse, mas eu ainda sinto como se estivesse fingindo (...).

Penny: Ok, então eu sou uma adulta, e outro dia eu vi um senhor escorregar e cair, e eu ri. Quero dizer, eu gargalhei. Tipo, muito alto. Se ele estivesse consciente, teria me ouvido.

(…)

Amy: Eu acho que ganho de vocês. Imagine tentar se sentir adulta quando você nunca nem esteve com um homem.

Penny: Ok, sexo não é o que te faz ser adulta.

Bernadette (para Penny): Ou você seria a mais velha aqui!

(...)

Penny: Quero dizer, realmente, o que é tão legal de ser adulto?

Bernadette: Bom, primeiro, nós estaríamos dividindo essa conta em três.

Penny: Falo sério. Quem quer fazer tudo isso? Ter um seguro, pagar hipotecas, deixar um bilhetinho quando você bate um carro no estacionamento?

Amy (para Bernadette): eu te disse que tinha sido a Penny!

Penny: Ah, por favor! Não fui eu! Qualquer pessoa poderia ter destruído o retrovisor... ou o que quer que tenha acontecido.

Amy: Talvez os garotos estejam certos. Quero dizer, nós passamos a noite inteira tentando ser maduras, e isso foi muito chato. Tenho certeza que eles estão se divertindo mais do que a gente.


Eu adoro esse episódio. Elas ilustram exatamente o que eu sinto quando penso no que é ser um adulto. É como se fosse um daqueles filmes em que você chega em um lugar muito bacana e todas as pessoas estão agindo estranho, e você descobre que elas foram substituídas por robôs e querem que você se entregue pra ser substituído também! Você não pode mais ser você! Você tem que ser o que eles são! Tem que pensar como eles, agir como eles e fazer o que eles querem que você faça!


Não sei se você já assistiu o filme de animação do Pequeno Príncipe, o último que saiu no ano passado (2015). Tem uma garotinha com uma mãe controladora que já planejou em detalhes todo o futuro imediato e a longo prazo da filha. A menina não pode sair de casa, brincar, fazer amigos ou desviar sua atenção dos estudos, tudo isso pra conseguir entrar pra uma boa escola, depois pra uma boa universidade, e conseguir um bom emprego. Quer dizer, que tipo de vida é esse? Será que a vida adulta se resume a trabalhar, ganhar dinheiro para pagar as contas, e depois voltar a trabalhar para pagar as próximas contas?


Eu sinceramente me recuso! Não consigo! Não sei lidar! Vai ter golpe!!!


Simplesmente não consigo me comportar como adulta. Não consigo deixar de querer ser mimada, ganhar presente nas datas comemorativas, gastar meu dinheiro como eu quiser, sem ficar neurada pensando nas contas no fim do mês... é, porque quando você cresce, as pessoas não se sentem mais na obrigação de lhe dar presente, e se você fica chateado porque não ganhou, todo mundo pensa que você é infantil, uma criança mimada! Pra ser adulto você tem que desistir das coisas boas da vida, e eu não consigo desistir!


O adulto de verdade que ler isso vai dizer que não é verdade, que não precisa desistir das coisas boas, e eu realmente acho que ninguém devia... não precisa mesmo! Mas se esse mesmo adulto ver uma pessoa se desviando um pouquinho do comportamento aceitável de um adulto, vai logo apontar o dedo!


Claro, é possível atingir um equilíbrio na vida, ser adulto e ao mesmo tempo não ser adulto! Mas saiba que se você quiser esse equilíbrio, vai ser diferente de todos os adultos... e eles vão perceber! Se você não for um deles, então não é um deles! Esse foi o estilo de vida que eu escolhi, e sei que haverá consequências (já há consequências, na verdade)... mas eu as aceito de mente aberta. Nunca vou me arrepender de não querer ser adulta, e tenho o maior orgulho disso!


CENA DO FILME "O PEQUENO PRÍNCIPE", DE 2015

A menininha do filme também tinha muito medo, como eu, de se tornar adulta. Ela fez amizade com o velhinho da casa ao lado, e ele contou a ela a história do Pequeno Príncipe (ele era o aviador do livro original do Pequeno Príncipe). O velhinho deu à menina uma raposinha de pelúcia, igual à raposa do livro com quem o Pequeno Príncipe faz amizade, pra que ela nunca se esquecesse da história que ele contou a ela, e pra que ela se lembrasse de dar valor às coisas que realmente importam e que os adultos ignoram, as que vêm de dentro. Fiz questão de comprar uma raposinha de pelúcia igual à do filme pra mim, pra que eu também nunca esquecesse, e durmo abraçada com ela toda noite.



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